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sábado, 3 de junho de 2017

#SAMBADADEUSA VEM CONTANDO A HITORIA DA A INFLUÊNCIA DA MUSICA AFRO NO MUNDO COMEÇAMOS NO PASSADO COM OS ESTADO UNIDOS A MUSICA AFRICANA ATUALMENTE NA AFRICA E SUA INFLUENCIA AQUI NO BRASIL Influência da cultura negra dos EUA.

#SAMBADADEUSA

VEM CONTANDO  A HITORIA  DA A INFLUÊNCIA DA MUSICA AFRO 
NO MUNDO
COMEÇAMOS NO PASSADO COM OS ESTADO UNIDOS A MUSICA AFRICANA ATUALMENTE NA AFRICA E SUA INFLUENCIA AQUI NO BRASIL

Influência da cultura negra dos EUA.


1. A música do negro na cultura americana
Quando o negro chegou na América como escravo, trouxe a religiosidade, o canto e as danças ritualísticas de sua cultura tribal. Suas primeiras contribuições na música, na dança e no folclore tiveram uma influência e impacto fulminante no norte-americano branco do sul. E se espalharam por todos os Estados Unidos.
No início do século XIX, o branco sulista estava fortemente articulado com as implicações de uma democracia verdadeira, mas muito dedicado a perpetuar uma sociedade cujos fundamentos eram suportados pela escravidão.
Absorvido em suas plantações, excluiu de sua vida o acesso ao teatro e ao music hall, mantendo nas plantações o divertimento formal. E as manifestações públicas dos escravos eram as únicas formas de entretenimento acessíveis a todos.
O negro cultivava através da música, das histórias e da dança o que pode ser considerado uma catarse emocional e física para compensar sua total frustração e humilhação como escravo. E mesmo sendo menos suscetível ao sentimento profundo com que o spirituals tocava o negro, o sulista branco foi influenciado pela sua profunda religiosidade. O primeiro canto americano é feito na igreja. Fora dela, reina o silêncio. Segundo Margareth Butcher, no seu livro The Negro in American Culture*, se a civilização americana tivesse absorvido a cultura dos índios, ao invés de exterminá-los, sua música poderia estar repleta de influências dos cantos feitos para a natureza, cheios do "espírito" das árvores, do vento. O que não aconteceu. Naturalmente, os americanos receberam influências da música folclórica dos irlandeses e da velha Inglaterra, mas a música negra gradualmente dominou esse campo.
Já nas primeiras décadas do século XIX, as plantações de algodão do sul dos Estados Unidos começam a ser invadidas pelo canto negro. No início não era o trovador clássico, mais um clown, um palhaço improvisado. A música era parte do show, mas o objetivo maior era reproduzir de forma ridicularizada danças antigas e excêntricas. Quase cem anos depois, a partir de 1900, os caracteres do folk e do spirituals começam a ser descobertos.
Existem três determinantes na música do negro. Uma é sua tradição musical, baseada no canto produzido sem treinamento formal ou intenção e agregando o mais fundamental de toda força musical " a criação emocional. No caso do negro, essa força criativa tem como base sua dor profunda e a compensação espiritual por uma emoção religiosa intensa. Essa veia rica de expressão emocional está presente não apenas no spirituals, mas é a característica mais marcante em toda expressão musical do negro. A alegria e o humor e sua rejeição à tristeza marcam a segunda determinante. O "classical jazz" é a terceira vertente.
Mas o negro americano não pode ser visto como um caso isolado e como um grupo minoritário, mas dentro do contexto de toda a cultura americana. Para entender o negro americano é necessário considerar o impacto do negro sobre a América tanto quanto o impacto da América sobre o negro. Uma de suas contribuições mais importantes, por exemplo, tem sido a forma como sua presença ajuda a entender a idéia de democracia.
Na época da colonização, um quinto da população concentrada nos Estados do Sul era de negros, que mantinham um posicionamento peculiar dentro da sociedade americana. Aqui o negro americano tem uma diferença muito grande em relação ao negro que veio para o Brasil. Os primeiros negros "importados" para os EUA foram trazidos pelos colonizadores ingleses do Sul sob contrato, com possibilidade de comprarem sua liberdade. Esse sistema permitiu que centenas de negros ficassem livres, muitos deles inclusive se transformaram em proprietários de escravos.
O negro camponês ocupava a faixa inferior na escala social da escravidão, com certa estratificação que tinha no topo o servidor doméstico das mansões e casas de fazenda, que vivia com conforto, absorvido simbioticamente pelas boas maneiras e valores da classe branca superior. Havia também uma classe média negra, de serventes de nível inferior, artesãos, carpinteiros, jardineiros. O camponês, porém, era quem mais sofria. Trabalhando dia a dia na plantação, a grande massa de escravos negros só conseguia relaxar nas ocasiões comemorativas. Por isso sua vida e tradições passaram a ser cultivadas em comunidade.
A escravidão, no entanto, incluiu o negro profundamente na vida americana e fez dele, culturalmente, um americano, principalmente porque a forma doméstica e rural da escravidão o colocou em contato com o branco e ambos formaram e tornaram possível a assimilação rápida pelo negro da civilização branca, sua linguagem, religião e tradições. Nesse processo, o cristianismo representa um fator essencial, porque ao mesmo tempo que ajudou a integrar, justificava o sentido de submissão do negro frente ao branco e racionalizava o sentido da escravidão.
Mas essa proximidade não excluiu a questão da segregação racial. O anglo saxão tem um código de raça baseado no preconceito, no julgamento individual e no grupo étnico. O desenvolvimento social na colonização anglo saxã sempre foi baseado em uma ordem social até democrática, mas com responsabilidade da elite pela massa.
Através dessas várias gerações de dependência mútua na maneira de viver, o contato entre negros e brancos foi íntimo devido à característica doméstica do sistema de escravidão. Brancos e negros mantinham atividades de reciprocidade, a despeito das diferenças e das etiquetas sociais. E mesmo nessa condição de subserviência, e sem formação intelectual, o negro se tornou uma influência muito forte na sociedade. Colocando o escravo no meio de sua vida doméstica, a sociedade sulista deu a base para que o negro criasse sua própria forma de ver o mundo, sua tradição e sua marca pessoal.
Nessa inter-relação, aliás, o negro cortou sua ligação com o passado cultural africano e adotou a cultura do patrão, assimilando rapidamente as particularidades básicas de uma cultura até então complexa e alienígena: a língua inglesa, sua religião cristã, a moral anglo-saxã. A perda de sua cultura original facilitou, inclusive, esse processo de absorção. Mas seu comportamento jovial, seu humor, temperamento emocional, supertições místicas, amabilidade e sentimentalismo " tudo isso estará presente futuramente como o tempero das tradições folks do americano do Sul. O lado cômico do negro não ofendia ou desafiava a tradição e o status de subordinação; coloriu, ao contrário, a cultura local e regional, e em alguns casos toda a nação. As improvisações no canto e na dança nascidos nas plantações de algodão ganham espaço nos teatros e formam a gênese, por exemplo, da maior manifestação do teatro americano, o vaudeville, as peças sobre negros geralmente interpretadas por brancos, que dominaram os palcos nacionais por um período de pelo menos 70 anos, de 1830 a 1900.
Entretanto, uma manifestação muito mais forte e interessante, e que reflete esse período, foi a canção folk religiosa criada pelo negro, o spirituals. Esse movimento nasceu e ganhou dimensão logo após a Guerra Civil, quando William Allen, incentivado pelo coronel Thomas Wentwort Higginson, observou no campo de refugiados o que chamou de "canções escravas". Allen publicou em 1867 o Slave Songs of the United States, uma coletânea dessas melodias. A coletânea ganhou reconhecimento e foi aclamada como o "negro spirituals". Em 1869, as canções foram interpretadas pelo coral de cantores do Fisk Jubilee Singers, um grupo universitário negro, repercutiram na audiência e passaram a fazer parte da programação regular do grupo. O spirituals se espalhou pelos EUA e chegou à Europa, transformando-se em uma forma de canção popular.
O spirituals incorpora características próprias presentes na personalidade do negro: o canto improvisado, a harmonia espontânea, o ritmo, a facilidade do canto coral, a versatilidade instrumental e a facilidade de expressão oral " não sem sentido o hip hop domina hoje a cena musical em todo mundo.
O sucesso do Jubilee Singers influenciou outros artistas negros, que adotaram e propagaram o universo das canções spirituals no começo do século seguinte, como Harvey T. Burleight, Nathaniel Dett, John Work e Hall Johnson.
O oeste e o meio oeste americano mantinham a tradição do hillbilly, a dança e a música dos cowboys. Mas o branco do sul, paradoxalmente, rejeitou essa "pureza branca" e aceitou o negro, dando suporte para que sua cultura se expandisse. Assim, numa primeira fase vingou a tradição folk desenvolvida durante a escravidão. Depois, no período da escravatura, ocorreu a disseminação dessa forma de cultura com a produção e criação de novos artistas que se engajaram em um trabalho extensivo de reelaboração e retrabalho desse material folclórico original.
O spirituals reflete naturalmente os aspectos mais sérios e íntimos do negro escravo. Sob a pressão da escravatura, com uma formação semiletrada, mas uma profunda absorção da essência do cristianismo, o escravo negro encontrou com extraordinária intuição e discernimento as duas principais aspirações que mantinham sua vida: a esperança de salvação e a esperança de liberdade. A partir de episódios e do imaginário bíblico, reconstruiu de forma imaginativa sua própria versão de padrões musicais e poéticos, de forma original e com grande vitalidade emocional. Esse material emprestado foi transformado em um novo fervor e profundo misticismo. Embora ostensivamente naive e simples, ele carrega uma carga profunda. Sob suas letras quebradas, imaginário infantil e a simplicidade camponesa repousa uma intensidade épica e uma emoção religiosa trágica e profunda semelhante à experiência dos judeus.
O spiritual foi o corpo que deu base a todo cancioneiro americano. Ao apressar o ritmo o negro criou o ragtime, explorando o improviso fez nascer o jazz e ao intensificar uma nota em uma escala musical primária criou a blue note, e daí nasce o blues.
O criador da blue note foi W. C. Handy, que se autodenominaria o pai do blues, quando lançou sua Blues Anthology. Handy começou a experimentar o blues em 1909, depois de observar os primeiros músicos de jazz. Memphis Blues, considerado o primeiro clássico do jazz, foi sua primeira experiência. Compõe outras duas canções (Mr. Crump e Joe Turner Blues), mas nenhuma dessas músicas foi aceita para publicação. Então vendeu os direitos de Memphis Blues por cem dólares para um produtor branco, que simplificou a música, mudou alguns versos e fez dela um sucesso. Handy lança novamente Memphis Blues em sua Blues Anthology, trinta anos depois.
A invenção de Handy, a blue note, deve-se a um artifício, uma notação musical criada para representar a voz e a modulação do negro ou o breque com seu tratamento característico na terceira tônica. A sacada de Handy consistiu na realidade na introdução de uma terceira menor em uma melodia baseada prioritariamente em tom maior. E dela surgiu o blues, e chegamos novamente onde estamos: no rock.
* As informações incluídas nesse capítulo foram extraídas do livro The Negro in American Culture, de Margareth Just Butcher



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